sexta-feira, 31 de agosto de 2007

EM JULHO ERA ASSIM, AGORA CALOU-SE

Eleger Sá Fernandes e não aceitar pelouros do PS

De Olhos Bem Abertos

domingo 15 de Julho de 2007

Não temos qualquer dúvida: o candidato Sá Fernandes hoje é muito melhor que o de há dois anos, quando foi eleito pela primeira vez como vereador independente pelo Bloco de Esquerda. Com efeito, do advogado firme que velava contra as malfeitorias feitas contra Lisboa e as suas gentes, temos hoje um vereador que, na esquerda, foi o único capaz (não só em Lisboa como em todo o país, o que engrandece ainda mais o seu trabalho) de colocar em sentido desde autarcas, presidentes de clubes, vereadores corruptos até presidentes de câmara duvidosos, construtores civis manhosos e toda uma panóplia de aldrabões. O que só demonstra que, se tivéssemos 20 Sá Fernandes pelo país ou 4 ou 5 em Lisboa, certamente que muitas das barbaridades e atentados contra as cidades e as populações que aí trabalham não teriam o livre curso que têm tido até agora.
Tudo o que afirmámos, contudo, não nos deve fazer esquecer três problemas que se cruzam nas actuais eleições para a presidência da câmara de Lisboa. O primeiro é que nestas eleições, assim como nas anteriores na capital do país, não se está apenas a “discutir” Lisboa, mas toda a política nacional. Quem se candidata na capital pelo PS, quem se sufraga em Lisboa no dia 15, nas urnas, não é unicamente o próximo presidente da câmara, mas o(s) governo(s) Sócrates/Costa. Primeira lição à esquerda: quem não fez tudo para coligar PCP, BE e Roseta para derrotar Costa será responsável pela vitória (mesmo que parcial) deste e do governo Sócrates na capital (e no país). Por isso, Sócrates faz campanha clara ao lado de Costa, que conta ainda com o apoio de Soares. O primeiro problema é, portanto, a ausência de unidade da esquerda anti-governamental. Costa será beneficiário da política (cega) de divisão à esquerda.
O segundo problema seria realizar uma campanha como se se tratasse somente de decisões para a cidade. Os problemas de Lisboa são comuns a todo o país: défices orçamentais monstruosos, a outra face das actuais crises capitalistas, e as mesmas medidas (de contenção dizem eles) neoliberais de qualquer governo de direita pura e dura. Lembremos as palavras de Fernando Rosas no aniversário do BE, onde acusou o actual executivo de Sócrates de “ter dado mais passos no sentido da destruição do Estado Social do que qualquer governo da direita” (DN, 28 Março/07). A campanha do BE deve ser, então, de combate pela cidade, pelos seus trabalhadores e jovens contra o governo Sócrates/ Costa.
O terceiro problema, corolário deste último, corresponde a uma crítica: Sá Fernandes e a Comissão Política do BE dirigiram um desafio aos três candidatos, às três candidaturas de “esquerda”, incluindo a de Costa e ignorando que este é o candidato do governo, apresentando algumas condições para uma (eventual) convergência pós eleitoral. Ou seja, Sá Fernandes e o BE admitem que, se essas “condições” forem satisfeitas, poderão aceitar pelouros para governar Lisboa com António Costa. Última lição: se o PS não fosse governo, se Sócrates não fosse o primeiro-ministro defensor do despedimento de 75.000 funcionários públicos e defensor dos mais violentos ataques aos outros 700.000 funcionário públicos do país, então poderíamos entender e aceitar o repto de convidar todas as formações de esquerda para entendimentos contra “Santanas Lopes” ou “Paulos Portas” se estes fossem, por absurdo, de novo governo da nação. Mas, hoje por hoje, os passos mais duros no sentido da destruição do Estado Social vêm de Sócrates e do governo PS (integrado por Costa até tornar-se candidato).
Aqui não cabe nenhuma abertura a coligações, mas somente combate. Aqui não cabe aceitar pelouros com Costa sob condição nenhuma, pois nenhuma condição poderia ser satisfeita dada a subordinação clara de Costa a Sócrates e, caso seja eleito, de Lisboa ao governo da República. Cabe, e até teria tido cabimento com maior propriedade antes com uma campanha específica, um desafio ao PCP e a Roseta (não ao PCP, a Roseta e … ao PS como erroneamente foi o caso), para um combate unido contra Sócrates e António Costa.
O nosso voto deve ir para uma só urna apesar dessas nossas críticas: à candidatura de Sá Fernandes e do BE, esperando que, no rescaldo pós-eleitoral, se concretize uma recusa de pelouros a governar com Costa. Só esta atitude seria coerente com o combate que o BE e Sá Fernandes têm desenvolvido no país contra a corrupção, o autoritarismo social e o capitalismo selvagem.


O problema destes revolucionários é que não levam a sua luta até ao fim. Quem escreveu o que este homem escreveu, quem disse o que este homem disse, não deveria ficar por aqui. Seguindo a sua linha de pensamento ficamos a saber que hoje o Bloco de Esquerda em Lisboa não luta contra o a corrupção, o autoritarismo social e o capitalismo selvagem. É pena preferia que a esquerda estivesse unida, tal como Gil Garcia.

1 comentário:

Anónimo disse...

É mais um vendido na linha do PSR, que transformam o BE num BD (bloco de direita) o sacerdote e os seus aliados tudo o que sempre quiseram foi juntar-se ao PS no poder, seja onde for, é o objectivo deles desde o inicio. O BE tá acabado, a UDP vai sair, porque não vai compactuar com esta sem vergonhice, a verdadeira esquerda não se vende e o BE (lado PSR ) vendeu-se.