terça-feira, 30 de outubro de 2007

Finaciamento do BE

Quem são os mecenas do «Bloco de Esquerda»? - Capitalistas e trotskistas: a mesma luta

Artigo publicado no Jornal “O Diabo”, nº 1346, de 15 de Outubro de 2002

A sucessão de escândalos com origem no caso da «Universidade Moderna» é, seguramente, uma procissão que ainda só vai no adro.Por vezes, o afluxo de matérias que se entrecruzam e enovelam na enxurrada mediática não permite uma paragem para reflectir no significado de factos importantes que ficam por esclarecer.

É o caso da tentada venda da discreta «Publicultura» ao universo psicopático então detido pelo homem forte da «Moderna», José Braga Gonçalves, o qual se empenhava, por essas alturas, em alcançar presença influente no meio jornalístico. Com fama de comprar tudo o que lhe aparecesse pela frente, com grande desplante e exibicionismo, foram vários os títulos de imprensa e empresas editoriais em dificuldades a desejá-lo ter como sócio, ou mesmo passar-lhe o negócio por inteiro para as mãos, como tábua de salvação.Foi o que tentou a «Publicultura», empresa controlada, no plano editorial, pelo «Bloco de Esquerda», mas suportada, em termos de capital social, na sua grande maioria, pelo preocupado carinho de alguns dos mais frondosos capitalistas da nossa praça.Editora da «Vida Mundial», revista dirigida pelo sócio «bloquista» Miguel Portas e também da «História», esta sob a direcção do renomado e operoso historiador e «bloquista» Fernando Rosas, vivia a «Publicultura» os difíceis transes de uma existência amargurada e deficitária a que os dois por cento dos aderentes ao «B.E» não davam para se manter. Só um drástico aumento de capital podia permitir uma agonia mais prolongada. É então que surge a hipótese salvífica do «compra tudo» Braga Gonçalves. Hipótese, porém, que logo aborta com o escândalo da «Moderna» já a estoirar pelas costuras (1999). Nessas condições, a coisa não era negócio para ninguém…Termina, assim, desta forma frustrada, a nova aventura editorial dos bloquistas, como aliás acontecera antes com o semanário «Já!», igualmente dirigido por Miguel Portas e apoia do financeiramente pelo capital do costume. Apesar das centenas de milhar de contos vertidos neste último peditório, pelos simpáticos e esmoleres mecenas do capital, nenhum dos títulos chegou a chambaril (1).

E quem são, afinal, estes esforçados capitalistas, irmanados na mesma luta editorial dos impagáveis camaradas, mais ou menos trotsquistas, do irrequieto Bloco?Vejamos: embora não sendo o mais poderoso, é justo destacar, à partida, António Dias da Cunha, pelo seu empenhado envolvimento e posição financeira e social na «Publicultura». O conhecido africanista dos bons velhos tempos do colonialismo e hoje presidente dos «verdes» nunca teve problemas em dar o seu apoio a vermelhos ou cor-de-rosa. Do arco financeiro integrante da «Publicultura» impõe-se mencionar também o grande capitão da banca, Jorge Jardim Gonçalves, hoje, por desgraça sua e principalmente dos accionistas do BCP, a enfrentar uma queda superior a 50 por cento, só este ano. José Roquette surge representado por Dias da Cunha. De resto, Roquette só está enquanto o seu consabido «feeling» o permitir. O caso Banesto é exemplar.Os Mellos marcam presença através da Companhia de Seguros Império.Abel Pinheiro, alto cargo do CDS, mas com experiência de parcerias várias, editoriais e políticas, percebe-se que mais uma vez tenha alinhado, agora via «Autodril». «Abel Pinheiro está em todas», dizem dele alguns amigos. Exagero! Apenas em quasi todas.Presença paradigmática é a de Godinho Lopes, homem de teres e haveres, olá! A «Soconstrói» já lá vai, mas nesta aventura bloquista ficou mais uma vez a ver navios.E para que não se julgasse que a «Publicultura» era uma brincadeira infantil do capitalismo, por interpostos doentes do trotsquismo «aggiornato», aí aparacem a participar, neste «bodo dos pobres», os grandes tubarões mediáticos: Paes do Amaral, o diáfano conde de Alferrarede, através da sua «Media Capital» e o tutelar Pinto Balsemão, com a sua «Sojornal». Autêntico «Citizen Kane» à portuguesa, PB provavelmente já não se recordará da minudência. Tita, sua mulher, compassivamente, dir-lhe-á como tudo se passou e mostrar-lhe-á o Diário da República.Dos renomados capitalistas passemos, velozmente, a outras categorias dos cerca de 60 accionistas da «Publicultura».Entre os políticos, tem piada descortinar ali, além do Miguel Portas e do João Nabais, o ex-PC Barros Moura, de braço dado com Vera Jardim; o ex-MÊS José Manuel Galvão Teles; o ex-PPD longínquo Sérvulo Correia; e ainda Nuno Teotónio Pereira, não se sabe se como político se na qualidade de arquitecto. Por arquitecto, também lá pintava o grande e simpático Fausto Correia.Genericamente, mencionaremos apenas o PC Luís Francisco Rebelo, hoje em dia «cantando e rindo» à frente da SPA, de que é presidente vitalício, sabe-se lá, até, se primeiro monarca da dinastia Rebelo. Rosalina Machado faz ali um figurão, que isto de uma presidente de agência de publicidade dá imenso jeito a um editor em palpos de aranha.A fechar, um produtor de fitas: o camarada Paulo Branco, celebrado angariador de subsídios, que com aquela cara de «tou xim!» leva qualquer um à certa. E, como se vê, ainda lhe sobram uns cobres para investir noutras «más acções».E ficamo-nos por aqui, porque o espaço é curto e as histórias não acabam. Até à próxima.

Nota:1. Para os ignorantes: Chambaril é um pau curvo, semelhante a um arrocho, que serve para pendurar o porco depois de morto e sangrado, por alturas do Natal. Nessa posição, o animal é desmanchado, cumprindo-se, assim, o destino para que fora criado. Chegar a chambaril significa, pois, atingir a plenitude de uma vida predestinada. Nas Beiras é (ou era) costume ouvir-se, em relação a quem, pelo seu aspecto ou falta de saúde, não se dá muitos anos de vida: «Este não chega a chambaril».

9 comentários:

Anónimo disse...

É só interesses instalados, a escumalha tá toda metida no mesmo saco.

Anónimo disse...

Pázinho!

Este blog melhora a olhos vistos. Assim dá gosto lê-lo.

Sem tricas nem insultos, que os factos bastam.

Anónimo disse...

Os financiamentos do PCP este reais e sem tretas, contados na primeira pessoa, a pessoa de um dos 35 despedidos pelo partido.
São na sua maioria trabalhadores com 50 anos ou mais e com graves dificuldades em arranjar emprego, mas isso que interessa ao PC?
Se fosse numa empresa privada ai ai que j+a havia bandeiras á porta.
Que fez o sindicato, quando os trabalhadores foram ameaçados e ou receberem as indemnizações ou irem para a rua sem nada?
Consta-se no meio editorial e político que a Editorial Caminho foi vendida a Paes do Amaral. Consultado o site da editora, nada encontrei sobre o tema, mas asseguram-me fontes bem informadas que o negócio está já consumado.O que terá levado o PCP "accionista" a vender a Paes do Amaral capitalista, uma das mais prestigiadas editoras portuguesas, onde pontificam alguns dos melhores autores portugueses, com destaque para o prémio nobel José Saramago ?Ou a oferta foi absolutamente milionária e, portanto, irrecusável ou a venda de activos desta natureza e valor só ocorrem porque quem vende precisa libertar-se de um fardo ou realizar dinheiro para outras necessidades prioritárias.Donde resultam as interrogações: a proposta foi milionária e os ex-detentores da Caminho vão ter agora um futuro tranquilo e feliz ? A Caminho era já um fardo insuportável ? Ou estava a ser necessário realizar dinheiro urgentemente ?Uma coisa me parece certa, vender uma jóia da coroa, é sempre um sinal de fragilidade e um desapontamento. Ainda por cima, porque levanta muitas preocupações para o futuro e não apenas para o domínio da edição literária...E AGORA, QUE CAMINHO ?»
Eduardo Pitta dá-nos conta da compra da editora Caminho pelo grupo económico liderado por Pais do Amaral, com o consequente despedimento de 35 funcionários e o exílio (para o Cacém) dos sobreviventes.
Tudo isto porque a imponente moradia da Av. Gago Coutinho onde funcionava a Caminho, propriedade do PCP, albergará a curto prazo a novel fundação do nobel Saramago.
Não só lamento e estranho o absoluto silêncio dos sindicatos quanto a esta situação - em casa de ferreiro, espeto de pau - como muito me intriga a escolha de Saramago: não teria sido mais lógico eleger Madrid, capital da Ibéria, para sediar a sua fundação? Na geografia segundo Saramago, Lisboa será, quando muito, uma cidade de recreio. Nada que se compare, portanto, à importância de tão ilustre ibero.»
Depois do iberismo de Mário Lino que foi (1989-1990) Presidente do Conselho de Administração da Editorial Caminho, SA e Presidente do Conselho de Administração da Editorial Avante, SA, aí temos o iberismo de Saramago sobre o qual seria agora interessante ouvir Mário Lino... Mas, vindo de onde vem, não menos interessante deixa de ser o texto hoje divulgado por José Paulo Gascão, Miguel Urbano Rodrigues e Rui Namorado Rosa, editores da revista elec Diário.info e que pode ser lido → AQUI, http://odiario.info/b2lhart_imp.php?p=367&more=1&c=1 pronto a imprimir.»
in http://notasverbais.blogspot.com/2007/07/caminhos-cruzados

Anónimo disse...

"Os financiamentos do PCP este reais e sem tretas"

Vê-se logo que é um bloquinha desesperado a tentar desviar as atenções da podridão do bloco, com mentiras sobre o PCP.

A verdade sobre o BE está fundamentada e com testemunhos credíveis.

Anónimo disse...

Continuas a não olhar a meios para denegrir quem te apetecer sem dados concretos.
Cada vez te afundas mais baixo, ao ponto de te socorreres de um jornal tão reaccionário como tu.
Vejam lá por onde já tu andas, na ância de caluniares quem não deves.
Tem vergonha. Então até o "Diabo" já te serve? Não sejas tem baixo e serve-te da dignidade para te afirmares e não da calúnia.

Anónimo disse...

Engraçado este anónimo das 14:56, está mesmo convencido de que sabe com quem está a falar, essa patologia tem nome e também tem tratamento, apresse-se antes que seja tarde. Ah e nós aqui independentemente da fonte, publicamos sempre a verdade, doa a quem doer, se aos bloquinhas dói, não se metessem na porcaria.

Anónimo disse...

Sobre o PCP não há mentiras, só verdades, por muito que custe aos verdadeiros comunistas, felizmente quase todos fora do PCP.

Anónimo disse...

O anónimo das 7:09 anda baralhado, os verdadeiros comunistas continuam no PCP.

Anónimo disse...

Camarada militante, não se incomode a responder, as provocações nada valem diante da verdade.