terça-feira, 30 de outubro de 2007

Crónica de Opinião
por Domingos Moura
(Empresário) - Setúbal na Rede



Porreiro Pá, Porreiro

Estas belas palavras captadas pelos micros, selaram com forte aperto de mão, o reforço da fusão na prática entre PS e PSD como se de um só partido se tratasse, total comunhão de pensamentos entre Sócrates e Durão Barroso na cimeira da UE que aprovou o Tratado Europeu que o mesmo é dizer a Constituição Europeia camuflada, a tal que tinha sido derrotada pelos povos de França e Holanda.




Estes dois homens ficam para a história trágica de Portugal, o futuro o confirmará. Durão Barroso nos Açores como mestre de cerimonias e cúmplice do assassino Bush, naquilo que foi a preparação da invasão do Iraque, um pais independente, longe da América e de Portugal e que nada de mal tinha feito a qualquer destes países. Agora temos Sócrates como coveiro da democracia nascida com o 25 de Abril e de parte da Independência Nacional.



Afirmações de um anti-socialista? Não, afirmações de um português democrata e que quer o socialismo como solução. Senão vejamos: António Barreto, lembram-se? O tal, ele afirmava agora no Publico de 14/10: “o tratado (Constitucional Europeu) é tão diferente da Constituição derrotada como um ovo branco é diferente de um branco ovo”.



“A elaboração deste tratado foi feita em circuito fechado. A discussão em segredo. A aprovação será furtiva. Para os dirigentes europeus, a União é mais importante do que a democracia. E a Europa mais importante do que os povos europeus”.



“E quase todos estão disponíveis para evitar os referendos e proceder, assim, sem a voz dos povos, à liquidação dos parlamentos nacionais. Estes serão de futuro, tão importantes como uma Associação de Antigos Estudantes, ou como a confraria do Besugo”.



“Os dias que ai vêm são o princípio da morte da democracia nacional. Sem que haja uma democracia europeia que a substitua e a melhore. É pena que a presidência portuguesa seja a agência funerária. Que o primeiro-ministro português seja o mestre de cerimonias. E que o cangalheiro, presidente da comissão, seja também português. Triste vocação!” Fim de citação.



Apesar do meu sentimento de revolta contra estas imposições antidemocráticas e anti-nacionais dos governantes, não estou tão pessimista quanto o está António Barreto, apesar de tudo isto e dos premissas da deriva ditatorial de Sócrates, caso Charrua, caso do médico do Centro de Saúde do Norte, casos despoletados pelas denúncias ao bom estilo salazarento, e mais recentemente os casos de Montemor-o-Velho e Covilhã em passando por Beja com a policia a intervir num plenário sindical, ao que parece a pedido da entidade patronal.



Quem fala em parecenças com o antigamente? Certamente terríveis comunistas, como diriam; quem? Sócrates evidentemente. Apesar de todas estas atitudes inadmissíveis, o sentimento de disposição para a luta cresce.



Poderia aqui apontar as medidas de retrocesso civilizacional como os fechos de hospitais, de escolas, de maternidades, professores com cancro obrigados a trabalhar, reformados com 425 Euros mensais, obrigados a pagar impostos, etc, etc…



Podemos afirmar sem exagero que Sócrates e o seu bando mais parecem inimigos do povo português, como se de um governo de ocupantes estrangeiros se tratasse.



No entanto esta prática governamental mais se parece com a do tal individuo que pela ganância matou a galinha dos ovos de ouro, ele como esta política de tanto e tão rapidamente querer encher os sacos do capital, está a agudizar a contradição do sistema. É que o capital na sua luta por mais capital, também precisa que a força de trabalho à sua disposição esteja em boa saúde, e dotada do máximo de conhecimentos e formação possível, para ter condições de concorrência. Uma multidão de doentes, uma multidão com pouca formação, uma multidão de depressivos não serve a um capitalismo evoluído.



O outro aspecto que o capital necessita e onde o primeiro-ministro até tem sido excelente é na arte do domínio ideológico, na arte da propaganda, mas ultimamente a sua ânsia e vontade de prestar serviço rápido aos seus patrões, tem ultrapassado os limites, e a tentativa de formação do pensamento dócil e submisso está a esboroar-se.



Não tenho dúvidas que o primeiro-ministro conta com o apoio dos melhores especialistas no terreno do marketing. Não tenho dúvidas de que a consciência anda sempre um passo atrás em relação à realidade. Mas também sei que o ser social muitas vezes precisa apenas de reforçar as suas organizações de classe, de maior participação e de um pequeno clarão para recuperar esse atraso. E esse clarão pode tornar-se em faísca incandescente, e tudo muda rapidamente.



Receio que José Sócrates e o seu staff de especialistas na matéria perante o sentir da subida do descontentamento, e da intervenção muitas vezes espontânea das populações (caso da REN) tenha a tentação de extremar posições baseando-se no conhecimento de que largas franjas dos trabalhadores caminham para situações desesperadas, que por si podem provocar atitudes desesperadas.



Tal situação e tal possibilidade exigem do movimento operário e popular grande vigilância. É sabido que para derrotar um governo com o caris do actual, será necessário mobilizar largas camadas sociais para além do movimento operário e isolar os seus agentes nas cidades e sobretudo nas empresas. Pode, pois, estar ai a tentação de Sócrates com as suas provocações, especialmente o anticomunismo, extremar posições, afim de esvaziar o balão antes que ele encha na sua totalidade e lhe rebente em pleno nariz. A própria linguagem anticomunista utilizada, que foi sempre arma dos que lutam contra a democracia veja-se, Hitler, Mussolini, Franco, Salazar e mais recentemente Pinochet, tal linguagem procura dividir, impedir pessoas menos esclarecidas mais avessas a trabalhar com comunistas, impedi-los de se juntarem ao movimento contestatário, isolá-lo afim de facilitar a sua repressão.



Mais atrás afirmei que não estava tão pessimista quanto o demonstra António Barreto. O meu relativo optimismo baseia-se na confiança que tenho no movimento operário e popular de nosso pais. As lutas contra os fechos dos diversos serviços sociais, contra a prepotência da REN, e sobretudo as crescentes participações nas manifestações que combatem as criminosas políticas deste governo, e a heróica participação na greve geral do 30 de Maio de 2007 fizeram subir a minha confiança e estou certo que também a de grande parte das vítimas desta política liquidatriz das conquistas de Abril.



Mas se o meu optimismo vinha já em crescente muito mais o ficou agora após esta grandiosa demonstração de espírito democrático participativo e de luta que foi a manifestação da Central Sindical de classe a CGTPin ao colocar num dia de semana quinta-feira mais de 200 mil pessoas no Parque das Nações em Lisboa alegres combativos e confiantes, embora de bolsos vazios e com custos de deslocação.



As orelhas dos executivos das elites exploradoras da Europa tiveram assim uma demonstração de que o povo não abdica dos seus direitos e da sua independência nacional, que neste encontro de Lisboa foi bastante amputada com o novo acordo. Nenhum governo por mais votos que tenha recebido tem mandato para hipotecar a independência nacional



Este acordo sem nome, é a velha Constituição repudiada pelos povos, ressuscitada e disfarçada, que seguiu o exemplo do cavalo de Tróia e que os “nossos” representantes direi antes representantes do grande capital se preparam para aprovar nas costas do povo, depois de terem prometido efectuar o referendo, fogem agora com medo do veredicto popular. Demonstram assim se tal ainda fosse necessário que a boa democracia para eles é aquela que serve os interesses da classe que representam.



Vem também reforçar a convicção de que qualquer Estado com governo é sempre uma ditadura qualquer que seja a sua forma ou o nome que a si própria se atribua.



Esta democracia que vivemos em Portugal é a ditadura dos senhores da Finança.



Com eles no poder temos 2 milhões de pobres. Um milhão e duzentos mil a encontrarem-se ligeiramente acima, só não se encontram no patamar dos pobres porque beneficiam de apoios diversos. E é nesta triste realidade que as riquezas dos mais ricos batem recordes de aumentos a ritmos que envergonham qualquer um que tenha o mínimo desse ingrediente. Só este exemplo: o mais rico do país possui o equivalente a 300 mil anos de salário mínimo nacional.



Desta ditadura sofrem também os mais de 500 mil sem emprego dos quais cerca de metade já está na situação de sem direitos ou fim de direitos. Desta ditadura sofrem também os professores, os médicos, os militares, os juízes, a polícia, o pequeno comércio e os micro e pequenos empresários.



Se nos lembrarmos nos tempos que se seguiram ao 25 de Abril de 74, a democracia de então tinha outro conteúdo e aproximava-se mais da democracia popular. Quem decidia directamente e na prática, era o povo. Dai a fuga para o Brasil e Espanha dos que até então tudo possuíam e em tudo mandavam, e que hoje de novo tudo possuem, eles nessa altura já chamavam a essa democracia uma ditadura. Ditadura para sua classe evidentemente. São os mesmos. Hoje apenas os executivos governamentais são outros e que por enquanto manobram apenas os chicotes da televisão, rádios e jornais, também já contam com a igreja, mais que não seja pelo silêncio cúmplice da dita.



O meu optimismo, a minha confiança não me impede de constatar o terrível momento que vivemos, um momento difícil, mas ao mesmo tempo, um futuro empolgante. A situação exige mais que nunca a intervenção popular, ela será decisiva. Só ela poderá evitar o deslizar para o abismo.



De promessas não cumpridas atrás de promessas não cumpridas, de governos de direita para governos do PS com política de direita.



Só uma grande movimentação popular pode evitar que nos empurrem para a Barbaria e pode impor o regresso aos princípios que Abril abriu.



Tudo nos mostra que o país precisa de outro modelo de desenvolvimento. O desenvolvimento com o povo para o povo. Só com a participação do povo é possível outra sociedade, sem ele nada feito muito menos contra ele.



A incapacidade do capitalismo devida a sua própria essência confirma-nos que só com a sociedade socialista os povos poderão encontrar o caminho para solucionar os problemas que a actual sociedade já mostrou ser incapaz de resolver, pondo mesmo em risco a própria sobrevivência da humanidade com as insistências nas guerras como meio de superar as suas dificuldades, e tentar eternizar-se no poder como classe exploradora.



Estou absolutamente convencido que cada vez mais será compreendida e justificada a palavra de Rosa Luxemburgo: “Socialismo ou barbárie”.



Esta grandiosa manifestação de 18/10/2007 foi um marco dinamizador e encorajante para todos os que sofrem e lutam e o futuro comprovará que vale sempre a pena lutar.

3 comentários:

Anónimo disse...

Foi o tratado da vergonha, que teve como mordomos o nacional socialista e o ex mrpp, vulgo cherne.

Portugal foi vendido pelos traidores e a nossa independência começa a tornar-se uma miragem.

Nada está no entanto perdido e vale sim a pena lutar, a história é ciclica e os traidores parecem não conseguir aprender que acabam sempre "enforcado" , a Pátria e a liberdade dum povo não se vende, nem sequer o seu direito à dignidade e a uma VIDA com condições e oportunidades.

Anónimo disse...

Ora! Finalmente um artigo como deve ser e que merece aplauso.

Siga assim que segue bem.

Anónimo disse...

k merda perdi-me com tantas linhas